Quais são as especificidades das desigualdades sociais de sucesso escolar na França? Uma dupla evolução a ser esclarecida

Resumo

Os níveis de escolaridade dos estudantes franceses têm aumentado nas últimas décadas, apesar das dificuldades e das desigualdades de aprendizagem observadas durante a escolarização obrigatória. Esse hiato entre a evolução da aprendizagem e as trajetórias escolares está relacionado a novas formas de gestão da organização escolar. Por um lado, os fluxos de estudantes têm sido canalizados, de forma mais sistemática, através de transformações estruturais e de orientações dirigidas aos diretores das escolas. Por outro lado, a aprendizagem dos alunos deu origem a uma inflação de prescrições ambiciosas, dirigidas aos professores, sem um aumento significativo dos recursos destinados à sua formação. Essa contradição intensificou-se a partir de 2005, nomeadamente sob o efeito de uma política de inclusão escolar que não proporcionou os meios para concretizar suas ambições. Essa série de mudanças produziu disfunções pedagógicas e intensificou os processos de segregação que penalizaram ainda mais os estudantes oriundos de meios socialmente desfavorecidos. É necessário, então, questionar a lógica subjacente às opções políticas que produziram desigualdades escolares recordes na França, ao longo das últimas décadas.
Résumé
En France, durant les dernières décennies, les niveaux d’études des élèves ont continué à s’élever en dépit des difficultés et des inégalités d’apprentissage accrues constatées durant la scolarité obligatoire. Ce hiatus entre les évolutions des apprentissages et des parcours des élèves est à relier aux nouveaux modes de gestion de l’organisation scolaire. D’une part, les flux d’élèves ont été plus systématiquement canalisés au moyen de transformations structurelles et de consignes adressées aux chefs d’établissements. D’autre part, les apprentissages des élèves ont donné lieu à une inflation de prescriptions ambitieuses adressées aux enseignants, sans essor conséquent des moyens consacrés à leur formation; et cette contradiction s’est intensifiée après 2005, notamment sous l’effet d’une politique d’inclusion scolaire qui ne se donnait pas les moyens de ses ambitions. Cette série de changements a produit des dysfonctionnements pédagogiques et une intensification des processus ségrégatifs qui ont davantage pénalisé les élèves des milieux socialement défavorisés. Il s’agit alors d’interroger les logiques sous-jacentes aux options politiques qui ont ainsi produit des inégalités scolaires-records en France au cours des dernières décennies.